Wednesday, October 29, 2008

Restos e Rastros

E toda cidade fica escura,
As luzes se apagam,
Não há mais vozes ou risos,
Cantos ou sons.
Instrumesntais....vocais
Não há mais noites de azul profundo,
Não há mais portas altas e brilhantes,
Nem lustres maravilhosos na entrada de edifícios.
Não há mais festas,
Nem de santos, nem de velhos.
Não há mais danças,
Nem em vestes vermelhas ou laranja.
Não há mais felicidade, vida, sorrisos.
Não há mais os santos rezando,
Nem as profissionais sorrindo,
sofrendo, ou esperando.

Não mais cafés com licor,
ou sorvete, ou espumas,
Não há!
Não Há mais cor.
Nem rosa, nem azul, muito menos lilás.
Não há mais mirantes a serem visitados,
Nem mesmo cafés a serem provados,
Nem tão pouco povos e tribos a serem admirados.
Acabou-se a prosa e o verso.
Não vão haver mais sorrisos soltos.
Toques profanos, ilusões.
Não há mais nada a ser descoberto,
Porque tudo se afogou em breu,
Todas as portas nada mais significam,
Estão adiadas as pesquisas,
Nada mais será fotografado,
Porque não há sequer um motivo.
Não há fome,
Nem mais sono.
Nem sequer mais irá chover,
Em noite clara.
Ou escura.
Porque nada mais importa ou merece menção.
Não há mais sabor original,
E não importa mais a quantidade de ingredientes,
Se forem acrescentados muito que bem...
Não mais importa.
Não há mais luzes na cidade que jamais escurece.
Os velhos estarão por certo agora sozinhos.
Por eles mesmos.
E eu serei mais uma na grande multidão de solidões.
Farei de conta de estar acompanhada.
Como muitos vi fazerem.
Como tantos vi vagando à esmo.
Serei apenas mais um..mais uma...
Quem irá notar?
Nada há de mais absoluto nesta cidade,
do que a total irreconhecibilidade.
Total ausência de nós mesmos, por nós mesmos.

Sobrarão os fantasmas da noite:

os miseráveis do asfalto.
os loucos das drogas.
os meninos assombrados pedindo.
os doentes falando sozinhos pelas esquinas
(esquinas já não mais famosas e cheias de pompas!)
a escória sombria que jamais se apaga.
as famílias maltrapilhas cheirando azedo e mal cobertas.
O frio intenso,
o Vazio
o vazio
o vazio...o infinito vazio...
de dentro, de fora,
De todos os lados, de todas as almas,
puras ou insanas
restos de gente no vazio do negrume que antes era luz!
restos de lixos, que já existiam mas não reparados,
ou ignorados.
restos de almas,
No negrume profundo da noite vazia,
um vazio quase mortal, senão de todo,
Quase.

( sempre pedindo)

("Restos e Rastros" - Ana Acquesta)

p.s. Ana Acquesta, além de pessoa querida, é economista de formação, mas sua mente, corpo e espírito sempre estiveram mergulhados em sua própria arte, que nasce de borbulhadas de sentimentos vastos internos...
p.s.2 Para mais detalhes de suas poesias, checar www.simplesmenteverso.blogspot.com (ou clique no título "Restos e Rastros" para acesso direto)
p.s.3 (Let it be Ana!!!)

2 comments:

Ana Acquesta said...

Oi Andrea, obrigada pela homenagem e por gostar e valorizar meus poemas, minhas obras....vc tb é uma grande artista plástica...e forte e sensível mulher, daquelas pessoas que com certeza fazem a diferença neste mundo tão cheio de mediocridades!
beijão
Ana

Andrea Annunziata said...

Que bom que gostou da homenagem Ana! Você merece! Mil beijos, Andrea