Saber viver é não ver?
É selar?
Calar?
Deixar de ampliar?
É como que de verdade rejeitar?
Ignorar.
Empecilhar.
E como é que faz, daí, para admirar?
Falso sorriso.
Falsa esperança.
Apenas para não ouvir qualquer merda.
Merda que nem cheiro, nem forma tem, porque nem sabe de onde vem.
Mas como é que faz para sentir?
Ter fé que vale ser quem é?
Que denso pensamento.
Polêmica existência.
Que olhar traiçoeiro, queria mesmo era ser um coqueiro.
"Um Coqueiro" - Poesia de Flavia Melito Pimentel
p.s. Em 2008 Flavia Pimentel publicou 3 poesias de peso aqui no Fala Annunziata. Em 2009, nossa querida escritora conheceu um outro lado da vida, e hoje começa uma nova fase! Força Flá... a vida é cheia de tempestades, quando vem a calmaria... vale desfrutar dela... tendo em mente que novas tempestades virão... desta forma nossa "barca" fica sempre de pé... Mil beijos!
Thursday, June 25, 2009
Monday, June 22, 2009
Sorte de quem já Viveu...
Mande notícias do mundo de lá?
Diz quem fica!?
Fujo o quanto posso...
Pois de lá não pertenço.
O importante é acordar cedo...
O tarde pode chegar rápido...
Fugaz, maldito e querido.
Todo pasa muito rapido!
A cor das águas é clara...
Cristalina como uma fonte...
Onde estariam os anjos... no mundo de lá ou no de cá?
Creio que de cá...
Lá não tem nada... sobraram bodes na sala...
Prefiro as flores da ante-sala.
Flores não falam, tem um bom cheiro e cores da alegria.
Dá paz, pensar em flores... dá tédio, pensar em bodes...
Além disso cheiram mal, fazem barulho e são teimosos...
Que bom que estou na ante-sala.... ante-tudo que faz mal!
Mas não mande notícias do mundo de lá!
O mundo de cá agradece.
Quanto aos que ficam...
Boa Sorte!
"Viveu no Mundo de lá?" - Carmen Luiza de Valencia (Escritora de Prosas)
p.s. Carmen Luiza de Valencia, é uma grande admiradora do mundo da Fala! Jovem e dotada de expressão, Carmen nasceu na década de 90 de uma linda festa na Ilha do Arroz. Embora tenha sangue espanhol, é bem carioca e cheia de "catiguria". Não esconde o que sente, e se encaixa perfeitamente bem neste blog... que não tem nada à esconder. Valenciana de coração, percebeu sua ligação com o Fala Annunziata!! Aqui lhe darei total crédito para que todas suas Prosas se tornem públicas, e absorvidas por todos aqueles que abominam a hipocrisia. Portanto Fala Carmen!
Diz quem fica!?
Fujo o quanto posso...
Pois de lá não pertenço.
O importante é acordar cedo...
O tarde pode chegar rápido...
Fugaz, maldito e querido.
Todo pasa muito rapido!
A cor das águas é clara...
Cristalina como uma fonte...
Onde estariam os anjos... no mundo de lá ou no de cá?
Creio que de cá...
Lá não tem nada... sobraram bodes na sala...
Prefiro as flores da ante-sala.
Flores não falam, tem um bom cheiro e cores da alegria.
Dá paz, pensar em flores... dá tédio, pensar em bodes...
Além disso cheiram mal, fazem barulho e são teimosos...
Que bom que estou na ante-sala.... ante-tudo que faz mal!
Mas não mande notícias do mundo de lá!
O mundo de cá agradece.
Quanto aos que ficam...
Boa Sorte!
"Viveu no Mundo de lá?" - Carmen Luiza de Valencia (Escritora de Prosas)
p.s. Carmen Luiza de Valencia, é uma grande admiradora do mundo da Fala! Jovem e dotada de expressão, Carmen nasceu na década de 90 de uma linda festa na Ilha do Arroz. Embora tenha sangue espanhol, é bem carioca e cheia de "catiguria". Não esconde o que sente, e se encaixa perfeitamente bem neste blog... que não tem nada à esconder. Valenciana de coração, percebeu sua ligação com o Fala Annunziata!! Aqui lhe darei total crédito para que todas suas Prosas se tornem públicas, e absorvidas por todos aqueles que abominam a hipocrisia. Portanto Fala Carmen!
Sunday, June 21, 2009
Deficiências
Deficiente é aquele que não consegue modificar sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
Louco é quem não procura ser feliz com o que possui.
Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
Mudo é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
Paralítico é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
Diabético é quem não consegue ser doce.
Anão é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
Miseráveis são todos que não conseguem falar com Deus.
"A amizade é um amor que nunca morre"
DEFICIÊNCIAS - Mario Quintana (escritor gaúcho, 30/07/1906 - 05/05/1994)
Louco é quem não procura ser feliz com o que possui.
Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria, e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
Surdo é aquele que não tem tempo de ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão. Pois está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
Mudo é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
Paralítico é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
Diabético é quem não consegue ser doce.
Anão é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável, pois:
Miseráveis são todos que não conseguem falar com Deus.
"A amizade é um amor que nunca morre"
DEFICIÊNCIAS - Mario Quintana (escritor gaúcho, 30/07/1906 - 05/05/1994)
Saturday, June 20, 2009
Não sou fiel...
Artista...
Dentista...
Analista...
Trapezista...
Golpista...
"Puta-que-o-parista"...
Tantos "istas"...
Tão poucas histórias...
Mundo em vão...
Pouco pão...
Tá na mão...
Canastrão!
Por quê Não?
Tá de gozação?
Tô em função!
Vai se foder Filho da Puta!
Será tão feio falar assim?
Pessoa não o diria?
Creio que não...
Mas pela coragem...
Talvez admirasse...
Os poucos...
Que assim o fazem.
Não sou fiel.
Mas porquê ser infiel?
Ora! Todos o são!
Será espanto?
Creio que não...
Olhes tu por exemplo!
Por onde andas?
Mais vale ser artista!
Pobres artistas...
Incompreendidos...
Marginaliados...
Taxados de loucos...
Tão puros!
Mas também tão infiéis...
Vivem com sua imaginação
Para cima e para baixo...
Tão sempre escondendo!
Eu interior...
Tão superior...
À que alguns chamam de traição...
Bela conclusão...
Sobre a aparição...
Daquela criação...
Que pariu em mim...
A paz.
"Não sou fiel" - Carmen Luiza de Valencia (Escritora de Prosas)
Dentista...
Analista...
Trapezista...
Golpista...
"Puta-que-o-parista"...
Tantos "istas"...
Tão poucas histórias...
Mundo em vão...
Pouco pão...
Tá na mão...
Canastrão!
Por quê Não?
Tá de gozação?
Tô em função!
Vai se foder Filho da Puta!
Será tão feio falar assim?
Pessoa não o diria?
Creio que não...
Mas pela coragem...
Talvez admirasse...
Os poucos...
Que assim o fazem.
Não sou fiel.
Mas porquê ser infiel?
Ora! Todos o são!
Será espanto?
Creio que não...
Olhes tu por exemplo!
Por onde andas?
Mais vale ser artista!
Pobres artistas...
Incompreendidos...
Marginaliados...
Taxados de loucos...
Tão puros!
Mas também tão infiéis...
Vivem com sua imaginação
Para cima e para baixo...
Tão sempre escondendo!
Eu interior...
Tão superior...
À que alguns chamam de traição...
Bela conclusão...
Sobre a aparição...
Daquela criação...
Que pariu em mim...
A paz.
"Não sou fiel" - Carmen Luiza de Valencia (Escritora de Prosas)
Tuesday, June 9, 2009
Parabéns Fala Annunziata!!
Estamos comemorando hoje o primeiro ano de vida deste Blog!
"Que Deus sempre nos dê muita força e luz para percorrer os caminhos da vida... e sobretudo, que ele nos mantenha na linha certa para que cumpramos nossa missão."
Sim... este é meu pedido! Afinal... estamos aqui para isso, e nada mais.
Mil Beijos e Namastê,
Andrea
p.s. Ossssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssuuuu!!
"Que Deus sempre nos dê muita força e luz para percorrer os caminhos da vida... e sobretudo, que ele nos mantenha na linha certa para que cumpramos nossa missão."
Sim... este é meu pedido! Afinal... estamos aqui para isso, e nada mais.
Mil Beijos e Namastê,
Andrea
p.s. Ossssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssuuuu!!
Thursday, June 4, 2009
1 Ano de Fala Annunziata!!
É com muita emoção que dedico este vídeo ao primeiro ano do Fala Annunziata!! Tantas águas rolaram no blog, que foi difícil selecionar as imagens que aqui estão. Muitos internautas fazem parte desta celebração e aparecem neste feliz túnel do tempo! Obrigada por toda a atenção de vocês!! Com certeza isso foi um incentivo para que eu não deixasse de escrever, criar "matérias" e "ilustrações" que eu nunca imaginei criar! O acaso, nem sempre, é meramente um acaso. Que esta nova blogueira viva o bastante para ver muitos flash-backs desta página criada para abrir os olhos do público para questões primordiais à nossa existência... essência sobretudo...
Como sempre... muitos beijos, lots of love e Namastê!!
p.s. O Blog comemora 1 ano respectivamente no dia 9 de Junho! Começou a Contagem Regressiva!!
Como sempre... muitos beijos, lots of love e Namastê!!
p.s. O Blog comemora 1 ano respectivamente no dia 9 de Junho! Começou a Contagem Regressiva!!
Pocket Lullabies - 14 de Julho de 2009
Teremos uma nova apresentação de Lullabies, na Livraria Da Vila da Fradique Coutinho, no dia 14 de Julho, terça-feira das 16hs às 17hs. Nesta performance, que faz parte da sessão de férias da livraria, para o público infantil, teremos provavelmente a repetição da apresentação de Maio, com mais incrementos! Mais detalhes serão divulgados na véspera...
Mil beijos,
Andrea
O CD, uma produção independente feita para homenagear seus dois filhos, Gabriel e Beatriz, conta com 8 canções de ninar, três delas brasileiras, três estrangeiras e duas de autoria da própria Andrea.
Quando seu primeiro filho nasceu, em 2004, ela morava fora do país e, mãe de primeira viagem e inexperiente, sua maior dificuldade era colocá-lo para dormir. Foi aí que notou que ao cantar para ele, era possível fazê-lo adormecer de maneira tranqüila e rápida.
A partir daí, Andrea começou não só a inventar canções de ninar, como também a coletar algumas músicas já conhecidas, tanto nacionais como internacionais. O resultado, depois de alguns anos cantando somente para sua família, é o CD Lullabies, que tem arranjos musicais de Beto Nascimento e violão de Anita Deixler. Um CD que ajudará muitas mães a ninar os seus próprios bebês.
Os CD's estão disponíveis em todas as livrarias Da Vila (Cidade Jardim, Al. Lorena, R. Fradique Coutinho), e o preço de venda é R$ 15,00 por unidade.
Mari Botter - Acessora de Imprensa da Livraria Da Vila
p.s. Agora também nas lojas Best Baby (Iguatemi e R. Melo Alves), e na Livraria Cultura (Market Place, Vila Lobos, Bourbon e Conjunto Nacional);
Mil beijos,
Andrea
O CD, uma produção independente feita para homenagear seus dois filhos, Gabriel e Beatriz, conta com 8 canções de ninar, três delas brasileiras, três estrangeiras e duas de autoria da própria Andrea.
Quando seu primeiro filho nasceu, em 2004, ela morava fora do país e, mãe de primeira viagem e inexperiente, sua maior dificuldade era colocá-lo para dormir. Foi aí que notou que ao cantar para ele, era possível fazê-lo adormecer de maneira tranqüila e rápida.
A partir daí, Andrea começou não só a inventar canções de ninar, como também a coletar algumas músicas já conhecidas, tanto nacionais como internacionais. O resultado, depois de alguns anos cantando somente para sua família, é o CD Lullabies, que tem arranjos musicais de Beto Nascimento e violão de Anita Deixler. Um CD que ajudará muitas mães a ninar os seus próprios bebês.
Os CD's estão disponíveis em todas as livrarias Da Vila (Cidade Jardim, Al. Lorena, R. Fradique Coutinho), e o preço de venda é R$ 15,00 por unidade.
Mari Botter - Acessora de Imprensa da Livraria Da Vila
p.s. Agora também nas lojas Best Baby (Iguatemi e R. Melo Alves), e na Livraria Cultura (Market Place, Vila Lobos, Bourbon e Conjunto Nacional);
Definição de Saudade
Emocionante como uma criança pode definir um sentimento que muitos adultos não sabem nem mesmo o que é.
Médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional, com toda vivencia e experiência que o exercício da medicina nos traz, posso afirmar que cresci e me modifiquei com os dramas vivenciados pelos meus pacientes.
Dizem que a dor é quem ensina a gemer.
Não conhecemos nossa verdadeira dimensão, até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Descobrimos uma força mágica que nos ergue, nos anima, e não raro, nos descobrimos confortando aqueles que vieram para nos confortar.
Um dia, um anjo passou por mim...
No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem como suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades.
Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos! Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom. Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses. Somos forçados a reconhecer nossos limites!
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer.
Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim.
Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada porém por 2 longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções, e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapias e radioterapia.
Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira, e com uma lágrima nos olhos dizia: faça tia, é preciso para eu ficar boa.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
Meu anjo respondeu:
- Tio, disse-me ela, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores.. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei:
- E o que morte representa para você, minha querida?
- Olha tio, quando agente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é?
(Lembrei minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.)
- É isso mesmo, e então?
- Vou explicar o que acontece, continuou ela: Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?
- É isso mesmo querida, você é muito esperta!
- Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei "entupigaitado". Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação.
- E minha mãe vai ficar com muitas saudades minha, emendou ela.
Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo: - E o que saudade significa para você, minha querida?
- Não sabe não tio? Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade: é o amor que fica!
Um anjo passou por mim...
Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores.
Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo "meu anjo, que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa.
Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinastes, pela ajuda que me destes.
Que bom que existe saudades! O amor que ficou é eterno.
Artigo do Dr.. Rogério Brandão
Médico oncologista clinico
RC Recife Boa Vista D4500
p.s. Que bom que as crianças existem! É realmente revoltante quando vemos seres assim, indo embora deste Planeta. Mas o que vocês acham deste planeta? Pessoas especiais sofrem demais por aqui, não acham? Eu diria que este anjinho fez um "up-grade" para o lugar que realmente merecia estar! Muitos anjinhos nos deixaram esta semana... penso nas 7 crianças e um bebê que estavam a bordo daquele avião... com certeza anjos em ação rápida na Terra...
Médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação profissional, com toda vivencia e experiência que o exercício da medicina nos traz, posso afirmar que cresci e me modifiquei com os dramas vivenciados pelos meus pacientes.
Dizem que a dor é quem ensina a gemer.
Não conhecemos nossa verdadeira dimensão, até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais além. Descobrimos uma força mágica que nos ergue, nos anima, e não raro, nos descobrimos confortando aqueles que vieram para nos confortar.
Um dia, um anjo passou por mim...
No início da minha vida profissional, senti-me atraído em tratar crianças, me entusiasmei com a oncologia infantil. Tinha, e tenho ainda hoje, um carinho muito grande por crianças. Elas nos enternecem e nos surpreendem como suas maneiras simples e diretas de ver o mundo, sem meias verdades.
Nós médicos somos treinados para nos sentirmos "deuses". Só que não o somos! Não acho o sentimento de onipotência de todo ruim, se bem dosado. É este sentimento que nos impulsiona, que nos ajuda a vencer desafios, a se rebelar contra a morte e a tentar ir sempre mais além. Se mal dosado, porém, este sentimento será de arrogância e prepotência, o que não é bom. Quando perdemos um paciente, voltamos à planície, experimentamos o fracasso e os limites que a ciência nos impõe e entendemos que não somos deuses. Somos forçados a reconhecer nossos limites!
Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Nesse hospital, comecei a freqüentar a enfermaria infantil, e a me apaixonar pela oncopediatria. Mas também comecei a vivenciar os dramas dos meus pacientes, particularmente os das crianças, que via como vítimas inocentes desta terrível doença que é o câncer.
Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento destas crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim.
Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada porém por 2 longos anos de tratamentos os mais diversos, hospitais, exames, manipulações, injeções, e todos os desconfortos trazidos pelos programas de quimioterapias e radioterapia.
Mas nunca vi meu anjo fraquejar. Já a vi chorar sim, muitas vezes, mas não via fraqueza em seu choro. Via medo em seus olhinhos algumas vezes, e isto é humano! Mas via confiança e determinação. Ela entregava o bracinho à enfermeira, e com uma lágrima nos olhos dizia: faça tia, é preciso para eu ficar boa.
Um dia, cheguei ao hospital de manhã cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe. E comecei a ouvir uma resposta que ainda hoje não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
Meu anjo respondeu:
- Tio, disse-me ela, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondido nos corredores.. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade de mim. Mas eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida!
Pensando no que a morte representava para crianças, que assistem seus heróis morrerem e ressuscitarem nos seriados e filmes, indaguei:
- E o que morte representa para você, minha querida?
- Olha tio, quando agente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do nosso pai e no outro dia acordamos no nosso quarto, em nossa própria cama não é?
(Lembrei minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, costumavam dormir no meu quarto e após dormirem eu procedia exatamente assim.)
- É isso mesmo, e então?
- Vou explicar o que acontece, continuou ela: Quando nós dormimos, nosso pai vem e nos leva nos braços para o nosso quarto, para nossa cama, não é?
- É isso mesmo querida, você é muito esperta!
- Olha tio, eu não nasci para esta vida! Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar. Vou acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira!
Fiquei "entupigaitado". Boquiaberto, não sabia o que dizer. Chocado com o pensamento deste anjinho, com a maturidade que o sofrimento acelerou, com a visão e grande espiritualidade desta criança, fiquei parado, sem ação.
- E minha mãe vai ficar com muitas saudades minha, emendou ela.
Emocionado, travado na garganta, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei ao meu anjo: - E o que saudade significa para você, minha querida?
- Não sabe não tio? Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um dar uma definição melhor, mais direta e mais simples para a palavra saudade: é o amor que fica!
Um anjo passou por mim...
Foi enviado para me dizer que existe muito mais entre o céu e a terra, do que nos permitimos enxergar. Que geralmente, absolutilizamos tudo que é relativo (carros novos, casas, roupas de grife, jóias) enquanto relativizamos a única coisa absoluta que temos, nossa transcendência.
Meu anjinho já se foi, há longos anos. Mas me deixou uma grande lição, vindo de alguém que jamais pensei, por ser criança e portadora de grave doença, e a quem nunca mais esqueci. Deixou uma lição que ajudou a melhorar a minha vida, a tentar ser mais humano e carinhoso com meus doentes, a repensar meus valores.
Hoje, quando a noite chega e o céu está limpo, vejo uma linda estrela a quem chamo "meu anjo, que brilha e resplandece no céu. Imagino ser ela, fulgurante em sua nova e eterna casa.
Obrigado anjinho, pela vida bonita que teve, pelas lições que ensinastes, pela ajuda que me destes.
Que bom que existe saudades! O amor que ficou é eterno.
Artigo do Dr.. Rogério Brandão
Médico oncologista clinico
RC Recife Boa Vista D4500
p.s. Que bom que as crianças existem! É realmente revoltante quando vemos seres assim, indo embora deste Planeta. Mas o que vocês acham deste planeta? Pessoas especiais sofrem demais por aqui, não acham? Eu diria que este anjinho fez um "up-grade" para o lugar que realmente merecia estar! Muitos anjinhos nos deixaram esta semana... penso nas 7 crianças e um bebê que estavam a bordo daquele avião... com certeza anjos em ação rápida na Terra...
Wednesday, June 3, 2009
O que está por de trás da obra?
Vocês já pararam para pensar no que nos é revelado à respeito de certas obras? Seriam hipóteses ou definições precisas? Me veio em mente as "trocentas" horas que já passei dentro de Museus escutando o guia "head phone", olhando obra por obra, analisando pinceladas, minhas interpretações e as definições via áudio. A grande verdade é que se o artista não escreveu de próprio punho sua real interpretação, tudo não passa de uma hipótese.
Eu fico imaginando alguém daqui 100 anos, olhando os trabalhos que deixei nesta vida, e revelando quem sabe ao público, ou num leilão, ou num antiquário, ou mesmo num brechó do futuro, hipóteses totalmente irrelevantes em relação à obra, muitas vezes invenções torpes. Que "lorota" será que vão dizer à respeito das obras??? Gostaria de ser uma "mosquinha" para saber o que poderiam dizer em relação à algumas que deixei para trás.
Talvez fôsse mais fácil saber, o que pensam vocês de algumas obras já vistas aqui? Esta por exemplo. (O nome desta obra é: "What did I do?", é da série Percepção e Espiritualidade, e foi feita em 2003, numa antiga prensa do Instituto Kala (Oakland, CA). Local, por sinal, por onde passaram importantes celebridades, e onde tive o privilégio de estar em contato com grandes professores do mundo da gravura, tanto ocidental, como oriental).
Enfim... sempre me perco na experiência fantástica que tive morando na "Califa". A boa notícia, é que costumo escrever sobre as obras, principalmente as séries. Mesmo assim, acredito que poucos lêem estas interpretações, e que muitos preferem "Viajar na Maionese".
So... Bring me Mayonese!
Eu fico imaginando alguém daqui 100 anos, olhando os trabalhos que deixei nesta vida, e revelando quem sabe ao público, ou num leilão, ou num antiquário, ou mesmo num brechó do futuro, hipóteses totalmente irrelevantes em relação à obra, muitas vezes invenções torpes. Que "lorota" será que vão dizer à respeito das obras??? Gostaria de ser uma "mosquinha" para saber o que poderiam dizer em relação à algumas que deixei para trás.
Talvez fôsse mais fácil saber, o que pensam vocês de algumas obras já vistas aqui? Esta por exemplo. (O nome desta obra é: "What did I do?", é da série Percepção e Espiritualidade, e foi feita em 2003, numa antiga prensa do Instituto Kala (Oakland, CA). Local, por sinal, por onde passaram importantes celebridades, e onde tive o privilégio de estar em contato com grandes professores do mundo da gravura, tanto ocidental, como oriental).
Enfim... sempre me perco na experiência fantástica que tive morando na "Califa". A boa notícia, é que costumo escrever sobre as obras, principalmente as séries. Mesmo assim, acredito que poucos lêem estas interpretações, e que muitos preferem "Viajar na Maionese".
So... Bring me Mayonese!
Tuesday, June 2, 2009
Luto.Reflexão.Revisão.
Acabo de ler a seguinte frase: "Não somos seres humanos passando por uma experiência espiritual, somos seres espirituais passando por uma experiência humana." Olhei para esta mensagem, escrita por uma querida grande amiga, e vem bem a calhar com o que estamos fazendo aqui. Exigimos explicações para catástrofes que ocorrem, mas a grande verdade, é que estamos aqui de passagem (aliás, breve passagem), e temos pouco tempo para aprender, para rever valores, e tentarmos através de experiências (sejam elas ruins ou boas) viver em plenitute até o momento de nossa partida. Se ninguém sai vivo daqui, será que não vale à pena rever certos valores e viver de bem com a vida?
p.s. Independente das hipóteses... nos resta torcer para que a "passagem" de entes queridos, tenha sido indolor e breve. Sem palavras..
p.s. Independente das hipóteses... nos resta torcer para que a "passagem" de entes queridos, tenha sido indolor e breve. Sem palavras..
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