Acabo de me deparar com uma obra que fiz... dois meses antes de me separar. Na verdade eu não tinha a mínima idéia que iria me separar, mas as energias de afastamento e de solidão eram nítidas em minha vida. Meu filho mais velho tinha pouco mais de dois anos na época, e minha filha estava para nascer. Por muito tempo, quis apagar o que passei, mas olhando para trás vejo o quanto fui forte... e armazenei de certa forma força para uma boa eternidade. Tem momentos na vida, em que praticamente nascemos de novo. Podemos dizer que desde minha separação, surgiu no ar uma nova mulher. Deus sabe como sofri, mas eu serei eternamente grata por ter passado por estas duras tempestades, para me dar conta de como minha barca é capaz de se sustentar sozinha. O resultado de tempos tumultuados como esse, é a segurança e a confiança que somos competentes para enfrentar muitos tornados que vem em nossa direção. O importante é se manter de pé... como? Não faço a mínima idéia, só sei que Deus, nos deu duas pernas sólidas para isso. Nós, os guerreiros da batalha "Vida", não podemos fraquejar... e é básico seguir adiante sem medo de ser feliz... assim como é essencial não termos pena de nós mesmos. A pena nos causa depressão... e a depressão nos derruba.
Mesmo me mantendo de pé, tem momentos em que me sinto frágil. Tenho uma certa frustração de não ter dado aos meus filhos uma família completa (com pai, mãe e filhos numa mesma casa). Mesmo assim, quando estou com eles, tento não passar esta tristeza à eles, e enfrentar os desafios de forma realista. Neste final de semana, me vi fazendo guerra de areia no meio da praia com meu filho. Lembro-me quando pequena que às vezes meus irmãos ousavam em chegar perto de mim com areia nas mãos, e eu arregalava meus olhos como quem dissesse "Caiam fora daqui!!!". Mas quando se tratam dos filhos, a gente quebra barreiras que até Deus duvida. A única coisa que pedi ao meu filho é que tentasse evitar as áreas do rosto e dos cabelos... mas óbvio que quando comecei a brincar esqueci das regras e sai da praia que nem moleque.
A vida nos pega de surpresa, e quando falam, da boca para fora, "temos que estar preparados para tudo nesta vida", nada mais tenho à dizer que: "temos mesmo que estar preparados para tudo nesta vida". Bancar o pai... e o machão... para uma mulher como eu.... bastante feminina, é um tamanho desafio. Mas fico feliz de ver como meus filhos se sentem seguros ao meu lado, e como contam com minha força.
Enfim, infelizmente saindo da praia, vimos uma briga de adultos no meio da rua, e eu passei do outro lado da rua pedindo que meu filho acelerasse o passo e atenta com minha filha e avó que estavam atrás de mim. Meu filho queria ver a briga à todo custo, e expliquei que enquanto somos crianças, é aceitável que briguemos afinal de contas estamos aprendendo à lidar com as diferenças, e a função dos pais é educar, e mostrar o quanto é feio discutir. Dei a ênfase, que quando somos adultos, é inaceitável brigar, e que situações como àquela que vimos eram ridículas e que só a polícia poderia resolver o caso. Quando cheguei em casa eu literalmente liguei para polícia, e meu filho olhou para mim e disse: "Mas mamãe, se a polícia não vier, você briga com eles, né?". Neste momento visualizei a imagem que meus filhos tem de mim. Pude ver, que embora eu seja apenas uma menina em forma de mulher, sou aos olhos deles, um "Transformer" capaz de defendê-los de todo o mal. Haja história para contar... e haja garra para superar todos os desafios colocados em nossas vidas.
Não importa o quanto alta sejam as montanhas que temos que atravessar, o que importa, é que somos capazes de fazer a travessia.
Boa semana...
p.s. A obra acima se chama "The Three of Us", e se trata de minha família (eu, meu filho mais velho e minha filha que ainda estava em minha barriga). A técnica utilizada é pastel, sendo que a imagem tem também um toque digital, para atingir o contraste desejado. O ano da obra é de 2006.
2 comments:
... e ainda bem que as montanhas existem...
Linda obra.
Nossa! to amando tudo, deveria ter entrado antes.
Parabens pelo blog.
Que bom que gostou Dani...
Entre sempre que quiser.... de certo,
sempre encontrará aqui palavras
de conforto, de alguém que atravessou muitas
montanhas, e que garante... que estas jornadas...
são para nosso bem...
Beijos e obrigada pelo prestígio...
Dea
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