Na tormenta de seus sentimentos foi capaz de enxergar algo que não queria dizer. O dizer pode abstrair o que parece óbvio. O dito do óbvio às vezes confunde... e por que não calar-se? Os olhos já não dizem tanta coisa? Só um cego não vê.
Mas no sussurrar das palavras, na palpitação da pele e no caminhar profundo, o cego aprendeu a ler os pensamentos como se fora bidú. Os desprovidos de todos os sentidos por ventura parecem mais capazes. Enquanto aquele que enxerga não vê... o tempo passa como se fora um furacão. Furacão esse que descola almas, pulveriza rios e aos ventos emite mensagens. Seria o final dos tempos?
Embora na reta final o que nos cerca seja um tamanho deserto de opções, os afortunados seres viciados em erros já não conseguem andar... e o cego, no lento caminhar, chega enfim em Terra Santa.